08 março 2007

Os Elfos da Água

Após ser deixado sozinho no jardim, Elan senta-se no banco sob o caramanchão ainda não muito seguro de que estava em plenas condições. Tentou distrair-se olhando o céu e as estrelas que começaram a aparecer, mas não pôde fazê-lo por muito tempo.

A sensação foi repentina, como da outra vez. Era como se um tacape de gigante tivesse pegado-o em cheio na nuca. Alexander deu um passo cambaleante para frente e logo após perdeu o domínio do corpo. Quando caiu de joelhos já não sentia mais nada, e assim que começou a despencar para frente a mente já tinha fugido para outro lugar.

Sentiu duas mãos delicadas segurarem as suas, e quando abriu os olhos não vi o Palacete, Galatea ou mesmo qualquer rosto conhecido do qual se lembrasse. Era uma garota de olhos oblíquos, cintilantes e azuis (ou verdes?), rosto pequeno e delicado, com ângulos harmoniosos, e lábios bem desenhados. Estranhamente, também tinham uma tonalidade verde-azulada. O rosto era adornado por cabelos longos e cacheados, decorados com pérolas e contas de coral polidos, que flutuavam no ar como se estivessem na água. O corpo era esbelto e levemente andrógino não carregava adornos, e os pés pareciam desproporcionalmente grandes e chatos, sem uma divisão nítida entre os dedos.

Ela sorria, e mexia a boca como se estivesse falando, mas Alexander não escutava som algum. Aliás, a única coisa que sentia nos ouvidos era uma forte pressão que, por pouco, não chegava a ser dolorosa. Afora isso, uma terrível dificuldade para respirar. Ela inclinou a cabeça para o lado e largou as mãos do garoto para colocá-las ao redor do rosto dele.

- Não tenha medo, menino da terra seca, enquanto estiver comigo, estará tudo bem.

Ela selou os lábios dele com os dela, e o desconforto passou de imediato, adquirindo a capacidade de respirar dentro da água como se estivesse fora dela.

Após se afastar, ela o fez olhar para o lado. O céu estava turvo mas brilhante, sem ser possível visualizar o sol, e não tardou a perceber que estava a algumas dezenas de metros abaixo da superfície d'água. Cardumes cintilantes nadavam, aparentemente a esmo, pelos arredores. A alguns vários metros abaixo, havia um canyon submarino, de proporções gigantescas. Não era possível ver o fundo e seus limites estavam fora do alcance da visão, mesmo de um dragão.

- Vamos - disse ela, parecendo muito menos pálida do que antes.

Todas as cores estavam mais vivas, inclusive o verde dos olhos e a coloração lilás dos lábios. A pele tinha uma tez morena, e os cabelos eram de um vermelho forte com mechas loiras. Alexander sentiu o braço sendo puxado e só então viu que a sua mão parecia muito menor do que ele se lembrava. Em pouco tempo estavam dentro do Canyon, e mesmo assim Elan não conseguia enxergar o fundo do mesmo. As paredes, contudo, não tinham um relevo natural em todas as partes. Em muitas regiões, as pedras estavam polidas e esculpidas em formações que pareciam entradas, janelas, belvederes e pequenas sacadas. Em diversos pontos, havia plantações de algas luminosas, cuidadosamente podadas, que davam uma atmosfera tranqüila ao local.

Seres semelhantes à garota que o guiava nadavam de um lado para outro. Eles também possuíam cores vivas e brilhantes nos cabelos e olhos, e usavam poucos adornos, a maioria pérolas, conchas e fragmentos polidos de corais.

Olhando mais de perto, aqueles seres eram definitivamente elfos. Tinham traços finos, delicados e belos como os seus primos da terra que Elan conhecia, pois era essa a forma que seu pai e algumas das irmãs assumiam na forma humanóide. Enquanto era puxado por aquela que vira em primeiro lugar, escutava palavras cujos sons eram estranhos, mas que por alguma razão conseguia captar o sentido.

- Então você salvou ele de um Kraken?
- É um dos primos da terra?
- Nunca tinha visto um. Vai devolvê-lo?

- Sim, assim que eu cuidar dos ferimentos dele - disse a garota que o segurava firmemente pelo braço. - E não é um dos primos da terra, é um dragão... um filhote.

Um elfo d'água maior e claramente mais musculoso, com cabelos castanhos, se aproximou, com o semblante sério. Nas costas, havia algo semelhante a uma lança comprida, em vários tons de vermelho, esculpida em coral, talvez. Estava preso ao torso através de longas cordoalhas feitas de fibra vegetal. No mesmo instante, os demais se afastaram e voltaram a seus afazeres.

- Há uma movimentação forte deles na superfície, pelo menos uns seis... acho que você precisa devolvê-lo logo, Mnemone, antes que a ira deles caia sobre nós.

- Do que tem medo? Eles não conseguiriam chegar aqui, tão no fundo...
- Apenas devolva-o agora... devem ser os pais e família desta criança, e devem estar angustiados. Não se preocupe com os ferimentos, eles saberão o que fazer.

Mnemone, claramente a contragosto, abraçou-o, e sussurrou:
- Adeus, garotinho, durma e esqueça, estará com seus pais logo.

Elan abriu os olhos, subitamente, e novamente estava no jardim de Galatea. Apesar de ter caído do banco, não estava de cara no chão: os apêndices metálicos de Althea haviam sido mais rápidos, e seguraram-no, enroscando o tórax do rapaz. Estava sentado sobre as pernas, e todo o corpo estava dormente. Começou abrindo e fechando a mão, e logo sentiu a circulação voltar a funcionar. "Obrigado, Althea", pensou, referindo-se à espada. Levantou-se devagar e sentou-se sobre o banco, dando tapas leves nos joelhos para tirar a terra. Fez a espada flutuar até a sua frente, e apoiou as mãos e o queixo sobre o cabo da mesma, fechando os olhos logo a seguir.

Não fazia a mínima idéia do que tinha visto, e prometeu a si mesmo que da próxima vez que tomasse um chá de Galatea, o faria em pequenos goles.

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Eis uma descrição breve do habitat e aparência dos elfos d'água, os mais belos entre os elfos, que nunca mais foram vistos depois do dia da criação. o/

03 fevereiro 2007

As Ruínas da Antiga Metrópole

A sala se assemelha a uma ampla galeria que poderia ter sido escavada por formigas gigantes em um bloco branco de açúcar. As janelas são pequenas e a maior parte da iluminação natural vem de uma clarabóia grande no teto que forma uma rosácea colorida. O chão desce um nível e a sala sendo quase que perfeitamente circular possui dois braços com almofadas onde as pessoas podem sentar-se, pelomenos umas 40 delas, embora pareça que aquele lugar jamais vá receber um numero grande de visitantes. No centro destes braços está o chão mais um nível abaixo, onde encontra-se um maravilhoso mosaico digno do império bizantino. Este mosaico é formado por pedras bem menores que as do hall e algumas delas parecem ser semi-preciosas ou preciosas e estão posicionadas em locais específicos do que parece ser uma mandala cabalística, associada aos símbolos de diversas culturas diferentes. Afastada do centro está uma pira de granito cinzento, apagada.

Galatea sorriu com gosto, mostrando seus dentes perfeitos e brancos para Alexander em aprovação a sua curiosidade.

Silenciosamente levandou-se e se aproximou um pouco da pira, erguendo uma das mãos, ao que a própria pira aprouximou-se dela de maneira recíproca, apesar de parecer imensamente pesada.
Galatea segue a passo firme até uma discreta prateleira embutida na parede, tomando em uma das mãos um pequeno artefato comprido, como um bastonete de madeira. Na outra mão ela segura um frasco com o que parece ser uma seleção de ervas secas muito específica.
Ao tocar no interior da pira com o bastonete, esta acende imediatamente. As labaredas são alaranjadas e persistentes, como se o fogo tivesse sido aceso há algum tempo e alimentado com bastante madeira. A luz ilumina todo o salão enquanto Galatea observa solenemente.
Depois de alguns instantes ela se coloca a falar:

- Há alguns anos houve uma grande cidade ao sul daqui que ficou conhecida por "Metrópole dos Criadores". - ela move um dos braços e uma lufada fria faz o fogo apagar, deixando vivas apenas as brasas incandescentes. Ela coloca um bom chumaço de ervas sobre estas brasas e uma fumaça densa e perfumada toma conta do salão. - Quando esta cidade não era tão grande a ponto de receber a horaria de metrópole, os homens se preocupavam pouco com dinheiro e costumavam realizar trocas para satisfazer suas necessidades básicas. - A fumaça começa a se concentrar atrás da pira, bem diante de Galatea, onde algumas imagens começam a fazer-se visíveis, pouco a pouco. - Com o crescimento da cidade algumas pessoas passaram a imaginar que poderiam deixar de plantar, já que haveria quem plantasse por elas, outras deixaram de caçar pois haveria quem caçasse por elas e assim as necessidades foram aumentando com o número crescente de pessoas que sentiam-se desmotivadas a fazer o que era preciso. Surgiu assim o 'ofício' e com este o 'dinheiro'. Aquele que não tivesse um ofício não poderia ter dinheiro e quem não tivesse dinheiro não poderia satisfazer suas necessidades, nem seus desejos, pois com o dinheiro surgiu também o luxo. - o visitante consegue vislumbrar a imagem de uma cidade de porte médio, bastante movimentada, com todo o tipo de comércio. Pessoas bem vestidas e pessoas humildes caminhando com seus afazeres, atarefadas.

- Infelizmente, o dinheiro não foi a solução do problema da desmotivação, mas o cerne de novos problemas que surgiram. Se antes algumas pessoas cometiam atos dos quais se envergonhavam por necessidade ou por preguiça de fazerem o que era necessário, com o luxo surgiu a cobiça e assim muitas pessoas passaram a roubar por inveja e por ganância. Não bastasse isso, ao invés de receberem dinheiro apenas aqueles que faziam por merecer com os esforços de seu trabalho, surgiram muitos dos que enganavam, subjulgavam e usavam outras pessoas para atingir os seus sonhos de luxúria. Terrívelmente, estes magnatas trapaceiros tornaram-se os homens de poder desta cidade, comprando a vontade dos fracos com seu dinheiro e pressionando quem se colocasse em seu caminho, usando pessoas como ferramentas. Estes se tornaram os governantes da nova cidade que surgia. - o dragão agora via claramente diante de seus olhos belos prédios que se erguiam pelo esforço de muitos homens sofridos. Carruagens adornadas nos metais mais nobres que transitavam de lado a lado da ampla cidade. Árvores e mais árvores que eram derrubadas para dar lugar à ferida que se abria na floresta em forma de um grande conjunto de habitações e edifícios comerciais.


Movendo as mãos com agilidade ela parece desenhar as imagens no ar e então continua contando sua história:

- Com o passar dos anos os governantes daquele local foram deixando aquilo que os tornavam humanos cada vez mais distante em seu passado. Os filhos repetiam os erros dos pais, pois aprendiam com eles que seus subalternos não tinham alma. Já nasciam sem acreditar nos deuses e o povo, de tanto sofrimento, foi se esquecendo de louvar aos deuses também.

- Como o dinheiro não encontrava obstáculos que detivessem a ganância de seus donos, e como os governantes já haviam comprado a liberdade de seu povo, decidiram então buscar os serviços de um outro povo orgulhoso de suas habilidade. Um povo mágico: os elfos da floresta. Estes foram convencidos pela ardilosa lábia da burguesia da cidade a auxilar em uma empreitada desrespeitosa e arriscada. Mais do que isso, o povo élfico sentiu-se desafiado em seu orgulho a realizar uma tarefa que nunca antes alguém ousara pretender: Os pesquisadores e intelectuais, os magos e os mercenários, alguns caçadores unidos ao povo élfico, iniciaram a criação de novos seres. Estas 'criaturas' teriam como único propósito de existência a servidão. Livrariam assim aquele povo sofrido dos trabalhos pesados, realizariam as tarefas mais imundas sem reclamar e, quantas delas morressem seriam repostas por muitas mais. Os elfos deixaram-se enganar por desejar atender ao desafio que sempre buscaram, um desafio à altura de suas mentes e que apenas os deuses até hoje conseguiram realizar. E assim surgiram as criaturas. - Ela agora vislumbra uma cidade muito maior que a de antes, povoada por pessoas saudáveis assistidas por seus escravos pessoais. Estes escravos possuiam feições animais dóceis e submissas, enormes homens com cabeça de touro, soldados fortes com focinhos equinos e patas sólidas, caçadores ágeis com garras afiadas, meretrizes delicadas e de curvas sinuosas como felinas, dentre outras variedades mais, incontáveis, inimagináveis.

- Você pode se chocar com isso, doce Alexander, mas para aquele povo acostumado a ser tratado como escravo a idéia de comandar alguém ainda mais infeliz, submisso e inerte pareceu tão consoladora quanto satisfatória. Finalmente todos poderiam ter o seu quinhão de crueldade a ser dispensada contra outrem. Alguns chegaram a entregar os próprios filhos para garantir que a magia seria realizada de maneira correta.

- E a metrópole cresceu...nunca se propagou fora deste continente, mas cresceu dentro de seu território, apliando-se mais e mais até que não mais existisse a pobreza e uma era de ouro surgiu entre os burocratas. Todos os criadores agora estavam satisfeitos e o dinheiro fluia como água sem que todos percebessem que pouco a pouco ele se desvalorizava. Ter poder significava ter o escravo mais exótico a construção mais perfeita ou a que custasse mais sangue de criaturas chamadas de 'inferiores'. - a imagem mostrada agora pela cortina de fumaça é de uma imensa metrópole formara por enormes prédios de arquitetura lembrando a clássica, um mais suntuoso que o outro. Fazendo contraste a essa maravilha, na periferia da cidade os corpos de criaturas mortas eram empilhados e queimados. Próximos a essa fogueira estavam as criaturas velhas, doentes ou simplesmente indesejadas por estarem fora de moda. Ali viviam solitárias, sem saber como continuar com suas vidas por não terem consciência ou senso próprio, até perecerem.

- Os elfos se arrependeram amargamente de seu orgulho, mas lhes parecia tarde demais para fazer algo. Tentaram então discutir sobre condições melhores para aquelas criaturas viverem. Foram ridicularizados: "Um absurdo...eles não são seres vivos, apenas objetos para nos servir!" - riam-se os burocratas. E assim os elfos tomados de furia e arrependimento proclamaram guerra. Uma guerra tardia e despreparada, já que os burocratas e intelectuais pensavam em tudo e há muito haviam erguido uma enorme muralha circundando toda a extensão daquele território. Seus enormes blocos de pedra mediam três metros e meio de largura e a altura era impressionante, cerca de 28 metros.
Antes que pudessem traçar uma estratégia os elfos foram massacrados pelas criaturas que ajudaram a gerar com sua magia. Dos poucos que escaparam ao ataque não se soube mais e o único que escreveu o pergaminho com este relato ficou completamente insano.

- Pois você pode achar que os deuses não se importavam com o que ocorria. A verdade é que os deuses dotaram cada criatura em Midgard, que é como chamam a terra dos homens, de livre arbítrio. Veja a sabedoria dos deuses, meu caro amigo, eles sabiam criar sem que fosse apenas para serem servidos ao contrário dos humanos e elfos que tiraram o único dom de suas criaturas que não tinham o direito de negar. Vendo o desenrolar da história os deuses decidiram por presentear com este dom, esta maravilha que é a auto consciência e o poder de decisão, as criaturas.

Ela faz uma pausa reflexiva.


- Como era de se esperar, as criaturas se rebelaram. Toda a dor que ela deveriam ter sentido quando passaram por tantas humilhações e dificuldades despencou sobre elas de uma só vez. Insandecidas elas não viram outra saída: possuiam ainda o instinto animal muito forte e não lhes fora tirada a capacidade de recordar. Atacaram com todas as suas forças imediatamente, sem se organizar e sem conceber qualquer tática. Desnecessário dizer que não pouparam qualquer homem, mulher, criança ou velho daquele local profano. Os criadores pagaram com seu próprio sangue pelas atrocidades que cometeram e até mesmo com o sangue dos poucos inocentes que restavam. Inocentes, mas não de todo, pois eram inertes diante do sofrimento alheio. Parte da muralha fora destruída tamanha a violência do ataque. Muralha esta construida para proteger, que evitou a fuga dos criadores apavorados de suas criaturas iracúndias.

- Há quem diga que as ruinas do que restou da metrópole são habitadas. Não se sabe de ninguém que tenha passado por lá e que tenha retornado para afirmar com certeza. Imagino que elas ainda estejam lá, vivendo à sua própria maneira hoje em dia.

11 janeiro 2007

Freya, Dama da Primavera

De todos os Vanir representados e louvados em nosso mundo, nenhum possui tamanho destaque e tamanha presença quanto Freya. Tudo isso pelo fato de representar uma das maiores dádivas, a Fertilidade. A primavera sem dúvida é a época do ano em que sua influência em Midgard é mais forte, pois num mundo aonde o gelo e as baixas temperaturas tornam os campos parcos e áridos a primavera possui uma função essencial, ainda mais devido à propagação da fome. Não somente ligada à fertilidade primaveril Freya é relacionada também com a luxúria, a atração física e aos feitiços.
Poucos não são os deuses, e muitas vezes mortais, que são pegos e enredados pelos encantos de Freya. Sendo sua forma física uma mulher de extrema beleza cabelos loiros, olhos azuis, corpo perfeito e utilizando seu colar encantado. Colar esse conhecido como colar de Brisings. Rege a lenda que Freya se deitou com quatro feios anões para que eles confeccionassem a mais bela jóia produzida por eles. Freya sempre é vista com esse colar, o mesmo possuindo a propriedade de torna-la completamente irresistível a qualquer homem enquanto durar a estação da primavera.
No entanto Freya possui seu lado guerreiro, nas outras três estações do ano ela assume como sendo líder das Valquíreas recebendo ordens diretas do Grande Pai, Odin. Raramente ela é vista em combate detestando sujar as mãos com sangue, quase sempre algo muito distinto da beleza que ela tanto preserva e gosta, no entanto, ela sabe muito bem que a beleza precisa ser defendida, e que enquanto houver um mínimo ela fará com que ela se renove e floresça uma vez mais. Sendo desta forma sempre ligada ao recomeço e a vida.
A maior parte dos seguidores de Freya são mulheres, que através de suas sacerdotisas aprendem a fazer poções, muitas fezes para enfeitiçar homens, e ler o futuro através do espelho d’água. Entretanto, não são raros os homens que pedem bênçãos para curarem impotência ou pedirem filhos varões, quase sempre os últimos tidos como amaldiçoados por Freya por alguma ofensa grave.

Aryan von Hartszinger,
Comandante Geral das Tropas de Asgard em Midgard,
Ano 2346 da primeira era.

07 dezembro 2006

Heimdall, o Guardião.

Heimdall é o eterno guardião, um papel fundamental numa sociedade onde todos sempre estão numa iminência de guerra. Ele é a eterna sentinela da única entrada de Asgrad, por Bifrost a ponte arco-íris que faz a ligação entre todos os Nove Mundos.

Diz-se que a visão de Heimdall é tão aguçada que ele pode enxergar o fim do mundo, sua audição tão acurada que ele pode ouvir a grama nascendo e a lã crescendo nas ovelhas. Ele sempre possui junto de si Gjallarhorn, o chifre sagrado em que Odin bebeu da fonte da sabedoria. O som do chifre pode ser ouvido em todos os mundos, basta Heimdall soprá-lo. O deus guardião também não precisa dormir, nem descansar, sendo essa sua missão eterna.

Heimdall é filho de nove mães diferentes. As nove filhas de Aegir com Ran, seguindo o mito ele se tornou o pai da humanidade quando criou as três classes sociais: Karl, Jarl, Thrall.

Os Jarls pertencem à classe social dos nobres, daqueles que detêm de fato o poder. Eles são trinados desde a infância para poderem liderar e são, em geral, os melhores guerreiros com também as melhores armas e equipamentos. Os líderes de clãs e seus filhos são Jarls, assim como as altas patentes militares. Poucos são dessa classe social.

Os Karls são os trabalhadores braçais, os camponeses. Essa classe não possui muita escolha sendo guiada e mandada pelos Jarls, uma vez que possuem o poderio militar. Karls não possuem o direito de fazer qualquer reivindicação ou poder de decisão, principalmente relacionado a batalhas. A quantidade de Karls sob o domínio de um clã é uma das medidas de poder do mesmo.

E finalmente os Thralls, a classe social mais baixa. Esta seria a classe escrava. Existem três formas de se tornar um escravo. A primeira e mais desonrosa é caso a pessoa e sua família esteja passando fome e peça para se tornar um escravo, porque seu senhor, sempre um Jarl, possui a obrigação de dar-lhes comida. A segunda são os prisioneiros de guerra, se o seu clã foi derrotado ou um exército estrangeiro, o vencedor possui o direito de reivindicar todos os soldados, mulheres e crianças como seus escravos. E o terceiro modo é pela compra, em feiras, portos, ou locais especializados. Sendo essa uma prática comum e muito rentável.


Aryan von Hartszinger,
Comandante Geral das tropas de Asgard em Midgard,
Ano 2346 da primeira era.

22 novembro 2006

O Senhor do Martelo...

Aryan repousa no alto de seus aposentos, em uma grande fortificação. Ele está em sua sacada, sentindo o vento frio, o peito desnudo trajando somente calças feitas de lã de carneiro. E num local específico está uma águia, adulta e de porte exuberante. Todas suas penas são avermelhadas como o freixo, ou o carvalho.

O animal de uma percepção incomparável fita seu mestre nos olhos e ele correspondem à altura o olhar. Aryan estende seu braço e a águia pousa mansamente, sem se quer chegando a machucar seu braço, uma vez que está sem as luvas de couro usadas para o falcoarismo. Ele passa levemente a mão nas penas sedosas de seu companheiro e fica feliz por possui algo tão belo assim, criado para ele pelo próprio Odin...

Mas essa é outra história...

O comandante de Midgard observa a vigília. Observa também a quantidade de bons guerreiros fortes, bem treinados, barbudos e que usam grandes martelos de guerra. Obviamente para que se pareçam mais com o deus digno de sua admiração. Thor, O Deus dos Trovões...
Aryan adentra seu quarto e acende uma lamparina a óleo, sentando-se em sua mesa. Passando a mão em um livro grosso de capa de couro rija e com folhas feitas em pele de carneiro bem curtidas e resistentes, bem mais do que o papel. Ele umedece a pena de ganso bem apontada no frasco de tinta e vai retratanto seu conhecimento muito mais amplo do que qualquer outro que esteja em Midgard sobre os deuses.

"Odin é o altíssimo. O Senhor de todos os Aesires, contudo, por incrível que pareça Thor possui tantos fieis quanto seu pai. Muitos dizem que seria pelo caráter impiedoso de Odin, sua inflexibilidade e por ser através dele que são punidos os culpados. Seus castigos são impiedosos e inflexíveis. Enquanto que Thor seria considerado uma força da natureza, um Deus de extrema força física que repudia toda e qualquer falta de caráter. Um guerreiro valoroso que traz muita honra e glória a toda Asgard.

Thor é filho de Odin com Frigg, a Deusa mãe de toda Midgard. É casado com Sif, a Deusa das colheitas e pai de Thrud. Mjolnir, esse é o nome da arma mais poderosa de todos os Nove Mundos, sendo unicamente comparado com Gungnir, a Lança de Odin. O Martelo fora construído especialmente por Odin, para seu filho e quando ele mostrasse força de caráter ele conseguiria erguê-lo. A única arma pelo que se tem notícia que avalia seu portador, um lembrete de Odin para que ele nunca esquecesse de sua retidão e honra. Além do martelo Thor possui suas manoplas de ferro e seu cinturão que dobra sua já fenomenal força, sendo ela comparada aos mais fortes de todos os Gigantes. Apesar de todos os sortilégios, trapaças e mentiras Thor nutre, ou nutria, grande afeição por seu irmão, Loki. Não sendo poucas as vezes que ambos estiveram juntos para se aventurarem em missões épicas, retratados em inúmeras cantigas dos bardos...

O Deus dos Trovões também é conhecido por sua sinceridade e simplicidade e com essas características mostra-se incorruptível. Nas noites de muitos raios é dito que ele está cavalgando com sua carruagem as nuvens.”


Ele apaga a lamparina e em fim deita-se em seu leito...


Aryan von Hartszinger,
Comandante Geral das tropas de Asgard em Midgard,
Ano 2345 da primeira era.

19 novembro 2006

A Árvore da Vida

Lakshimi caminha entre as plantas exóticas que florescem apenas ao anoitecer. A elfa negra tem os cabelos longos e brilhantes, escuros como o céu sem lua soltos. Ela sorri para o viajante que ouve suas histórias ansiando por mais. A fumaça do incenso sobe em marolas azuladas adornando a clareira onde se encontram:
- Imagino que já tenha ouvido, ou talvez lido de um dos escritos de Aryan, sobre a chamada Árvore da Vida, Yggdrasil e como Odin se pendurou a ela. Pois bem...eu lhe contarei essa história novamente, com mais detalhes, para que compreenda por que Odin, além de ser o pai forte de todo o povo nórdico, é também protetor dos poetas e dos intelectuais.
Odin sempre gostou de passear por Midgard, a terra dos homens, geralmente se disfarçando em um senhor idoso. Ele retribuía as gentilezas com graças e punia atos de egoísmo. Seus corvos, Huginn e Munnin, voavam pelo mundo para lhe trazer notícia. O próprio Odin pode mudar sua forma para a de animais, mas seu corpo verdadeiro precisava descansar em um lugar seguro para que ele fizesse isso. Odin entretanto, nem sempre teve tantos poderes mágicos, para cada um de seus poderes e conquistas o Pai teve de pagar um preço.
A Yggdrasil é a árvore do mundo, tem uma de suas raízes em Niflheim, onde a serpente Nidhogg a morde, a segunda raiz está no reino divino de Asgard onde moram as norns: Destino, Ser e Necessidade, velhas que controlam o destino dos homens. Estas senhoras mantém Yggdrasil viva, regando sua raiz com a água pura da fonte do destino. A terceira raiz está em Jotunheim, a terra dos gigantes, e por baixo dela há uma fonte onde fica a cabeça cortada de Mimir. Odin entregou um de seus olhos para poder beber da percepção e conhecimento dessa fonte. Porém, para conseguir o segredo das runas, o Altíssimo passou nove noites pendurado na própria Yggdrasil, açoitado pelo vento e pela tempestade, vazado por uma lança, se oferecendo em sacrifício. Ao final de seu sacrifício, soltando um grito, Odin obteve as runas e caiu da árvore. Quando levantou-se, vencendo a própria morte, havia obtido muitos segredos escondidos: como curar os doentes, como cegar a espada de seus inimigos e como agarrar uma flecha em pleno vôo. Estas palavras mágicas então pertencem ao deus do conhecimento mais alto, detentor de grande sabedoria. Por isso Odin é não somente o deus dos guerreiros, mas dos historiadores e de todos aqueles que não medem esforços na busca pelo conhecimento.

Lakshimi sopra um estranho pó prateado na brasa que resta da pira, o que causa sonolência no viajante:

- Agora preciso ir. Nos encontraremos novamente se quiser...e lhe contarei mais sobre Odin e os outros deuses...

Talvez porquê os olhos do viajante pesem, ou por alguma magia desconhecida, o corpo de Lakshimi se desfaz como num devaneio. Entretanto a pira está lá e a fumaça ainda se dissipa lentamente, provando que as histórias que foram ouvidas não surgiram apenas da mente de um viajante cansado.
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Para quem gostou do texto, vale ler "O Livro Ilustrado dos Mitos" de Neil Philip pela Editora Marco Zero, de onde adaptei este texto e em breve trarei mais histórias! =)
~Julia

16 novembro 2006

Os servos de Nidhogg, a Serpente de Midgard


Na ampla biblioteca da Academia Asgardiana, toda iluminada por castiçais de ouro puro com velas que nunca terminam há uma grande mesa de mármore róseo com um grande livro aberto que nunca termina de ser escrito. Apenas os escolhidos de Odin, seus historiadores de confiança, podem escrever naquele livro pois ele conta a história de todo um povo.
O povo de Midgard mal conhece as runas e poucos são os relatos conhecidos sobre o povo do norte. Mas para a maravilhosa biblioteca da Academia Arcana, situada próximo ao palácio de Odin, não existe tempo, não existe fim para a história. Cada batalha é anotada, cada feito é contado e recontado, mesmo que ele se torne canção nas notas dos tocadores.
Hoje, diante daquele livro, Edelweiss Von Alfheim tem a honra de se sentar. Escolhe as palavras com cuidado, pois uma vez escrita a história não se pode apagá-la. Seus olhos fitam o teto enquanto ela lembra o que viveu, procurando ser o mais imparcial possível:

“No período que estive em Midgard pude constatar o que Odin, nosso Grande Pai, já alcançava com sua visão: Existem três raças de dragões conhecidas por nosso povo. A primeira, não é habitual de nossas terras e é chamada de Metálica. Estes dragões se denominam filhos de um Deus dragão benéfico, Bahamuth, embora, ao meu ver, sua visão de bem e mal esteja intimamente relacionada com o que eles desejam ou não, com quem concorda ou discorda deles. A segunda, tanto quanto a primeira, não conhece nossas terras muito bem e é chamada de Cromática. São filhos de uma Deusa chamada Tiamat. Parecem mais selvagens do que os metálicos e ainda não conseguimos um contato positivo com eles. Desconhecemos o seu modo de raciocínio. A terceira, entretanto, é a que mais me preocupa. São os dragões-serpente de nossas terras. Maiores do que os cromáticos ou metálicos, com o corpo mais longilíneo e não tão sólido. Alguns possuem apenas escamas, outros tanto escamas quanto penas, e todos eles trocam de pele. Possuem uma forma humanóide, mas de modo algum poderiam passar-se por humanos com o seu rosto viperino, suas garras e seus olhos de pupilas verticais sem uma íris definida. Estes dragões são mais selvagens do que os cromáticos e mostram ter pouquíssima inteligência. Também possuem um tempo de vida relativamente curto. Não se soube de nenhum que tivesse durado mais do que 400 ou 500 anos. Seus poderes ainda são desconhecidos. A maior descoberta das expedições dos Asgardianos em Midgard, entretanto, foi que embora se auto-proclamassem descendentes de Nidhogg estes dragões não passam de crias elaboradas pela serpente para servi-la. Não possuem livre-arbítrio de todo e são facilmente controláveis pelo seu mestre e criador. Ao contrário, um único elemento nos provou que a serpente de Midgard gerou descendentes. Talvez em alguma oportunidade de mudar de forma e seduzir uma fêmea humana, disto ainda não temos certeza, Nidhogg concebeu uma ou mais crias. Homens serpente, estes sim com livre-arbítrio, diferentes de suas criações servis. Há pouco o que escrever sobre estas raças no momento, sendo que os homens-serpente talvez ainda nem possam ser assim chamados.

Encerro aqui este escrito e tomo por mim a inteira responsabilidade de minhas linhas.
Edelweiss Von Alfheim.”

13 novembro 2006

Odin e Edelweiss...

Hoje meu relato foi inspirado por uma linda e austera Valquírea que eu tive oportunidade de conviver...Seu nome é Edelweiss, exatamente como a flor do campo. De beleza incomparável essa mulher possui olhos azuis, austeros e penetrantes, capazes de fazer o mais bravo guerreiro hesitar...

Dentre as muitas funções de uma guerreira de Odin a principal seria guiar as almas dos bravos guerreiros até os salões de Valhala, onde eles aguardariam para lutar ao lado dos Aesir no fim dos tempos, no Ragnarok. Quando uma Valquírea está trajada para a guerra nenhuma outra armadura consegue ser tão bela e brilhante, quando muitas estão reunidas nos céus, atravessando-o, uma linda névoa multicolorida de luzes se formam, como se fosse uma grande e brilhante cortina de beleza incomparável.

Todavia, é impressionante como a mente nos passa para trás, como posso falar das Valquíreas sem mencionar Odin? Nosso pai e patrono de nosso forte em Midgard.

Como eu já disse anteriormente Odin, Vili e Ve foram os Aesires originais, sendo então Odin responsável pela criação dos homens, esculpidos em forma e aparência de um Carvalho e um Olmo, respectivamente Ask e Embla. Há um espaço de tempo muito grande entre a criação dos homens até a união entre Odin e Frigga, sua esposa, posteriormente seus muitos filhos e descendentes, no entanto algumas coisas são muito bem sabidas e seus feitos ecoam pelos Nove Mundos fazendo os inimigos tremerem perante sua sabedoria e poder.

Odin sempre porta sua lança de batalha Gungnir, aquela que nunca erra o alvo e que em seu cabo possui a inscrições da Lei. E com essa lança ele cravou a si próprio no tronco de Yggdrasil, enxergando coisas que mais nenhum outro mortal, ou imortal, conseguiu enxergar em toda a existência. Ele ali ficou preso por nove dias e nove noites não podendo ser auxiliado por Ratatosk, o esquilo responsável por regar a árvore-mundo, tão pouco por Vidofnir, o rei das águias, pousando eternamente em um dos galhos de Yggdrasil enxergando tudo com seu olhar acurado. Ao passar esse tempo ele foi até Jotunheim e conseguiu derrotar o gigante Mimir, possuidor de sabedoria quase infinita, arrancando sua cabeça que acabou por cair dentro de um poço. Odin então ordenou que lhe dissesse como obter sua sabedoria. No corpo de Mimir havia um chifre que ele usou para enxergar da água do poço em que a cabeça do gigante cabeça caiu, mas para isso teria que arrancar um de seus olhos e jogar lá dentro. E assim ele o fez. Desta forma ele pode beber um gole, e somente um, de seu poço da sabedoria. Dizem até hoje que a cabeça do gigante está em posse de Odin, aconselhando-se com o mesmo pela eternidade.

Muito tempo após esses fatos dentre os muitos filhos de Loki e o único que não fora influenciado por sua maldade ele teve um filho com um cavalo chamado Skadilfair, e a essa cria ele deu o nome de Sleipnir o cavalo de quatro pares de patas, dado a Odin. Obviamente para que o altíssimo esquecesse uma de suas trapaças...Mas mesmo assim, seu filho é a criatura mais rápida de todos os Nove Mundos e possui um temperamento digno de seu irmão, Fenris, completamente incontrolável, com exceção de Odin o único a quem obedece.

As punições de Odin são ditas como extremamente inflexíveis e as brigas dele com seu filho Loki são lendárias, até que Loki matou Balder e assim foi exilado para todo o sempre...

O pai de todos os Deuses sempre é ligado à sabedoria, ao conhecimento e a liderança, apesar de raramente se lançar em combate Odin é conhecido pela aprovação da batalha honrada. Como quase nunca pode sair de Asgard, ele possui dois corvos, seus emissários. Um chamado “Memória” e o outro “Pensamento” com ambos ele pode obter todo o conhecimento passado e presente que precisa para governar.


Aryan von Hartszinger,
Comandante Geral das tropas Asgard em Midgard,
Ano 2345 da primeira era.

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Desculpe-me pela demora, mas ai está! Sempre eu acho que ficou faltando coisa! *_*” espero que quando eu estiver postando mais coisas essa sensação passe...
Abraços,

11 novembro 2006

Os Elfos de Midgard

O céu azul escuro da noite está pontilhado de estrelas das mais diversas cores e a lua, como um disco de prata, se encontra bem no centro da clareira onde está sentada uma criatura de sublime beleza: sua pele púrpura parece refletir o brilho das mais insinuantes constelações, seus longos cabelos negros fazem a noite parecer clara e seus belos olhos tom de prata fazem a própria lua parecer um parco arremedo.
Lakshimi, a elfa da noite, nasceu em Midgard e ganhou o nome de uma grande mãe de terras distantes. Seu nome entretanto, não vem ao caso. Diante de uma pira esculpida na rocha ela faz surgirem chamas azuis e com um tênue sorriso ela seduz o viajante a ouvir sua história:

- Sente-se por favor, fique a vontade! Eu lhe contarei sobre as muitas raças que vivem em Midgard. Claro que nem todas são conhecidas ainda, mas posso lhe falar daquelas que existem com certeza, mesmo que a maioria não acredite. – seus olhos pousam sobre o aventureiro – Mas você deve acreditar, ou não estaria aqui, não é mesmo? Sou uma prova de que existem coisas nessa terra que os homens desconhecem. – ela faz uma pausa enquanto coloca algumas ervas aromáticas para queimar na misteriosa chama azulada – Já ouviu falar de nós, os elfos da noite? Não...não nos confunda com os elfos que vivem no mundo subterrâneo. Nós nada temos a ver com aquela briga que houve entre os Altos Elfos e os Elfos Negros. Vivemos em Midgard, como outros irmãos que não tomaram partido nesta batalha sem nexo. Nós saímos apenas durante a noite e o sol nos incomoda um pouco pois somos criaturas noturnas. Vivemos para a beleza, a música e a poesia. Também vivemos para o conhecimento, como todos os outros elfos. Talvez você já tenha ouvido falar dos nossos irmãos da floresta, os elfos verdes? Existem poucos hoje em dia, ou talvez eles apenas se escondam do mundo como nós. Eles conhecem as plantas tão bem quanto os elfos negros conhecem os venenos e nós, elfos da noite conhecemos as constelações. Também existem os belos elfos das águas, mas ninguém os vê desde a criação. E isso é tudo que posso dizer sobre os elfos no momento. Desculpe, meu caro, eu o deixo entediado? – sorri e abana a fumaça perfumada com uma das delicadas mãos – São tantas histórias que tenho para relatar... Farei isso aos poucos então, para que não se canse. Assim nos conheceremos melhor, o que acha?
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Olá! Esta foi a primeira postagem da segunda contribuinte em ação neste blog.
Espero que gostem do modo como escrevo, pois estou buscando uma maneira bem gostosa de contar as histórias sobre este cenário que estamos escrevendo. =)
Até a próxima!

Julia

10 novembro 2006

Os Nove Mundos

Nosso mundo conhecido é regido por lendas e mitos que somente os mais sábios dentre os mais sábios saberiam precisar quais seriam os fatos reais. Eu não sou tão sábio assim, mas meus instrutores o eram e eu vou lhes contar como todos os mundos foram criados, da maneira mais clara que eu me lembro...

No início havia somente o mundo das névoas Niflheim e o mundo de fogo, Musphelhein, e entre eles havia o Ginungagap, "um grande vazio" no qual nada vivia. Em Ginnungagap, o fogo e a névoa se encontraram formando um enorme bloco de gelo. Como o fogo de Muspelheim era muito forte e eterno, o gelo foi derretendo até surgir a forma de um gigante primordial, Imir. Este gigante dormiu por incontáveis eras, o seu suor deu origem aos primeiros gigantes, que depois formariam um outro formidável e poderoso povo. E do gelo também surgiu uma vaca gigante, Audumbla, cujo leite jorrava de suas tetas em forma de 4 grandes rios que alimentavam Imir. A vaca lambeu o gelo e criou o primeiro deus, Buro, que foi pai de Borr, que por sua vez foi pai do primeiro Aesir, Odin, e seus irmãos, Vili e Ve. Então, os filhos de Borr, Odin, Vili e Ve, destroçaram o corpo de Imir e, a partir deste, criaram o mundo. De seus ossos e dentes surgiram às rochas e as montanhas, de seu sangue surgiu o mar e de seu cérebro surgiram às nuvens.

Daí os deuses criaram os dias e as noites, assim como as estações. Eles então separaram as estações em quatro, os dias da semana em sete. Mas os primeiros seres humanos foram Ask e Embla. Ambos esculpidos em madeira, Ask do carvalho e Embla do olmo e então Odin junto com Vili e Ve lhes concedeu o sopro da vida.

Entretanto o maior de todos os mistérios de criação é de onde surgiu Yggdrasil, um freixo também conhecido como a árvore-mundo. Muitos acreditam que ela sempre existiu, outros dizem que ela nasceu também de Imir, mas isso eu deixo vocês decidirem. O que de fato acontece é que ela une e sustenta todos os Nove Mundos. Onde suas raízes estão profundamente enterradas em Niflheim, seu tronco em Midgard, os galhos mais altos em Asgard, a cidade doirada e em cada um dos outros galhos estão os demais seis mundos. Seus frutos possuem as respostas para todas as perguntas, no entanto eles são permanentemente resguardados por uma centúria de Valkírias, denominadas As Protetoras, todas elas inteiramente fiéis a Odin.

Os Nove Mundos são eles:

Asgard é a cidade dourada, terra dos Aesir, nossos deuses. Não há outra maneira de entrar em Asgard que não seja pela ponte arco-íris, conhecida por Bifrost e nos portões de Asgard está o sempre vigilante Heimdall. Dentro dos muros intransponíveis esta a extensa planície de Ida aonde há uma grande cidade, onde vivem todos os Aesir, ou Aesires. Também lá fica localizado o salão de Valhala, a morada dos mais honrados entre os guerreiros, festejando eternamente junto com seus ancestrais e amigos de batalha. Nesse salão somente os Deuses e as Valkírias podem entrar, mais ninguém. E constantemente Odin convoca todos os deuses para se reunirem em dois grandes salões: Os homens em Gladheim e as mulheres em Vingolf, contudo, quando há guerras eles se reúnem em um salão conhecido como Well of Urd, entretanto ninguém sabe ao certo a localização do mesmo.

Midgard seria a terra dos homens, situada exatamente no meio de Yggdrasil, em sue tronco, também é conhecida como a terra do meio, fato esse que lhe faz valer o nome.

Niflheim é o reino das brumas e do gelo eterno, onde estão as raízes mais profundas de Yggdrasil, de lá nenhuma alma mortal ousa sair. Essa terra maldita é governada pela rainha do inferno, Hel, filha de Loki com uma giganta, sendo que Odin em pessoa assim a designou para esse fardo. Metade do corpo de Hel é normal, dita como uma mulher de incomparável beleza e a outra como uma mulher apodrecida. Todavia é sabido que Hel, pode mudar sua forma para a de uma linda mulher por completo, porém somente enquanto o sol estiver no céu, assim que a lua encontrar seu espaço e os primeiros raios incidirem sua verdadeira face será desmascarada. Niflheim é dividido em muitos reinos, mas todos que lá estão são aqueles que não puderam adentrar o salão do Valhala. A sina de quem não morreu batalhando em glória, como os velhos e os doentes, entretanto o pior de todos os castigos é concedido aos traidores e aos covardes.

Jotunheim é o lar dos gigantes das neves e das rochas. Esses gigantes constantemente ameaçando Asgard e Midgard, cuja ambição é acumular ainda mais riquezas e terras. Mais perigo ainda corre Asgard, pois a única coisa que a separa é o grande rio Iving. A cidade principal de Jotunheim é Utgard sendo do o dito rei dessas terras conhecido como Thrym.. O maior fator que protege Asgard de constantes guerras contra os gigantes são as infindáveis guerras internas.

Vanaheim é o lar dos Vanir. No início do mundo houve uma breve guerra entre os Vanir e os Aesir. Os Vanir quase sempre ligados a elementos da natureza, como agricultura e pesca e os Aesir ao calor e a forja da batalha. Não demorou muito ouve a trégua e a paz entre ambos os povos, sendo a denominação dos Vanir algo ancestral quase não mais utilizada. Poucos são os relatos de Vanaheim e só é sabido de sua existência por fazer parte dos Nove Mundos, entretanto muitos acham que seria somente uma extensão de Asgard. Freya e Frey são considerados Vanir.

Alfheim é o lar dos altos Elfos, ou Elfos Luminosos. Seres de incomparável beleza e sabedoria os Elfos estão entre uma das raças mais antigas criadas após os Aesir e Vanir. Seguem relatos que eles são o povo responsável por manter os registros de todos os acontecimentos desde o início dos tempos. Tal como Vanaheim Alfheim é mantido sob os olhos sempre vigilantes de Asgard, tidos como grandes aliados. Os Vanir nutrem grande afinidade com os Elfos, não poucas vezes sendo comparáveis até mesmo em poder.

Musphelheim é o reino da desolação, reino dos gigantes do fogo. Pouco se sabe sobre esse mundo somente que é governado pelo terrível Sultur, ao não ser que ele teve grande papel na criação de tudo e que das faíscas desse reino surgiram as estrelas e os cometas. Mais recentemente os gigantes do fogo sem sendo chamados de demônios, tanto pela sua perversidade quanto por sua sabedoria.

Svartalheim é o lar dos terríveis elfos negros. Nesse mundo não há céu, somente uma eterna noite sem estrelas, o mais terrível mundo subterrâneo. As sombras e a escuridão são as mais poderosas aliadas dos elfos negros, seres de inteligência sem igual, até mesmo superando seus rivais elfos da luz, entretanto a maldade e a perversão permeiam esses seres.

Nidavellir, também conhecido como os campos escuros, lar dos anões. Freqüentemente mencionados na história como forjadores de armas e de jóias incomparáveis, são firmes, resistentes e teimosos como se fosse feitos da própria terra. Contudo, poderiam ser considerados aliados dos Aesir, ou ao menos neutros.


Aryan von Hartszinger,
Comandante Geral das tropas de Asgard em Midgard,
No ano 2345 da primeira era.

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Ai essa postagem deu trabalho! >_<” Ufa...mas bem saiu vou ver se amanhã posto mais um bom pedaço, só não sei até quando vou conseguir postar um texto enorme desses todo dia.

Até a próxima,

09 novembro 2006

O Início

Saudações a todos aqueles que vêm de boa fé e sem medo no coração! Qualquer intenção egoísta ou covarde não será bem vinda nessas terras rígidas e impiedosas. Aqui aonde somente os mais fortes sobrevivem, os fracos não mais são do que um fardo, que mais cedo ou mais tarde acabará por ser eliminado. Se não pelos inimigos, pela própria terra, porque essa é a lei da sobrevivência, a lei do mais forte na mais inóspita das terras.

Nós estamos ao norte do Mar das Tempestades, numa extensa faixa de terra que de seus pontos extremos de leste a onde possui cerca de 4.200km e de norte a sul 2.500km. Nesse território há duas grandes cordilheiras que o cortam, ambas dividem de forma desigual o grande continente, a maior parte ficando no centro e as outras com mais ou menos o mesmo espaço ficando nas extremidades. Ao sul há uma grande concavidade, não me atrevo a dizer uma baía, no entanto ali está sem dúvida o maior arquipélago conhecido onde à vida é mais amena com águas mais quentes, vegetação abundante, portos livres e muita pirataria.

No entanto o que torna o nosso continente diferente dos outros? Eu não tenho meios de mensurar com precisão todo ele, porém, me atrevo a dizer que praticamente quatro quintos de todo nosso território é inóspito demais para a sobrevivência humana em média e larga escala. De alguma forma as cordilheiras represam os ventos gélidos que vem do norte e impedem que eles se dispersem e isso cria praticamente uma área morta. Ali não há como sustentar a vida de nada mais do que poucos vilarejos e os únicos que se atrevem a viajar são os nômades, as mais ferozes tribos guerreiras, que se enfrentam pela posse dos territórios mais ricos em caça. Neste trecho não há outra estação que seja o inverno, constante e frio de uma forma indescritível e por conta disso recebeu a alcunha de Inferno de Gelo.

E, nas extremidades há as cidades mais populosas aonde nosso povo, vive, pesca, louva nossos deuses, guerreia e se perpetua. Por mais que o clima seja ameno ainda assim é muito rigoroso, nossos campos cultiváveis são parcos e nosso maior meio de subsistência é a pesca. Não são poucas as famílias que morrem de fome, os clãs que vêem seus filhos perecerem no inverno rigoroso. E em busca de cada um tentar sustentar a si, há as guerras entre cidades inteiras. Mas, Odin é bondoso com seus bravos guerreiros prometendo-lhes a vida eterna ao seu lado, no Valhala. Dividindo a mesa com eles em pessoa bebendo do mais puro néctar ao lado de seus ancestrais e amigos de batalha. Aqui mesmo entre inimigos há a honra, o respeito e a dignidade, mesmo os perdedores merecem o Valhala, pois, não se importa quando nem onde e sim como se parte desse mundo e por esse mérito seus feitos serão reconhecidos pela eternidade.


Aryan von Hartszinger,
Comandante Geral das tropas de Asgard em Midgard,
No ano 2345 da primeira era.

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Bom aqui quem vos fala é um dos responsáveis pela criação desse mundo e provavelmente o webmaster. Espero sinceramente que gostem! Tudo começou com um jogo de RPG e esse jogo foi necessitando de mais e mais detalhes, e assim foi caminhando até que minha companheira de idéia, a outra responsável pelo site e pela história, me sugeriu que eu criasse um Blog e bem aqui estamos! XD Eu no futuro vou tecendo mais e mais histórias, com o máximo de riquezas de detalhes e aqui publicando. No início vou focar nas tramas e no cenário, no entanto logo irei decidir qual sistema utilizarei. Por isso aguardem novidades!

Bom divertimento!